Fazem quatro anos, não foram quatro dias nem quatro meses,
que eu estive em frente às cameras para o país inteiro ver (até hoje circula na
internet), denunciando o esbulho do autódromo, naquele mesmo ano, terminadas as
eleições, o autódromo foi demolido e coberto pelo elefante olímpico, a minha
luta naquele momento ficou encerrada, passaram-se quatro anos, e agora, com a
Copa e Olimpíadas terminadas, com tudo o que se previa acontecendo, para bom e
principalmente, para ruim, o que podemos esperar?
Um novo autódromo, concordando com Rodrigo Mattar em seu
texto publicado no seu blog A Mil por Hora, o Rio não só merece, mas PRECISA de um
autódromo. A história mostra, nos anos que tínhamos a pista funcionando, aos
trancos e barrancos, com direito até a furto de cabos e energia da subestação
de força na véspera do evento da F-Truck, sempre lotou de gente.
Eu sei que 40/50 mil pessoas não se compara a uma copa ou
olimpíada, mas é um movimento perene, que pode ser coroado com um evento
internacional que lance interesse sobre a cidade, aí sim trazendo turismo
internacional de peso, que paga caro.
Lembremos da rede hoteleira, que investiu maciçamente na
cidade nos últimos 8 anos para este momento, agora esse momento passou, o que
eles vão fazer? Mandar as pessoas embora e colocar tapumes nas janelas dos seus
hotéis recém-construídos?
É hora de usar a cabeça, Deodoro é inviável por vários
motivos, nem preciso falar, entre construir ali ou construir fora da cidade
prefiro a segunda opção, já construir dentro do elefante olímpico um circuito
temporário para pelo menos receber as provas da Stock, Truck e eventualmente
alguma categoria internacional seria factível, barato e de retorno imediato não
só para a prefeitura como também para os empresários de um modo geral.
Esse projeto megalomaníaco da Barra se sobrepôs a um projeto
muito mais factível que era de construir a Vila Olímpica na zona portuária,
onde se fez o boulevard olímpico e escondeu o transito que passava antes ali pelo elevado.
Se em algum momento forem feitos projetos não só de retrofit
nos prédios da zona portuária como também se construir moradias naquela região,
tranquilamente quem hoje sofre três horas por dia para entrar ou sair da Barra
mudaria imediatamente para o Centro do da cidade, aí eu pergunto, quem vai
pagar um milhão de reais dentro de um condomínio de tres mil unidades, um
verdadeiro pombal, com sérios problemas de qualidade na obra e o esgoto
entupido por milhares de camisinhas?
A pergunta hoje que se faz não é o rumo que a cidade irá
tomar depois desses grandes eventos, únicos na história do Rio de Janeiro? Que
ousou, irresponsavelmente, fazer dois eventos seguidos e aplicar recursos que dariam
para construir duas vilas olimpicas, uma ele deu pros empresários, outra ele
deu para a especulação imobiliária, e a conta enfiou no rabo do povo pra ele
pagar pelos próximos 60 anos.
Um autódromo no meio disso tudo parece até tolice, mas não,
pode ser pelo menos um alento para quem precisa manter seu negócio funcionando,
podemos aproveitar a crista da onda em que o país se apresentou como porto
seguro para turistas estrangeiros, tentar trazer de volta alguma coisa para a
cidade.
O que vai sair das urnas aqui a 45 dias ninguém sabe, o meu
candidato ainda é o mesmo, independente dele comprar a idéia de um novo autódromo
ou não, mas o problema não é só político, é de vontade, tivemos quatro anos pra
nos mexer e nada aconteceu, e pelo visto nada vai acontecer, porque? Alguém não
quer essa nova pista? Quem? Empresários, políticos, especuladores, federações
esportivas? Quem nos últimos doze anos vem sistematicamente sabotando o
automobilismo carioca, privando a cidade de ter uma pista decente e fazer parte
do cenário do automobilismo nacional?
Não adianta o automobilismo brasileiro ir bem (e não está
nem um pouco no momento) se ele não está no Rio de Janeiro ele não existe,
sério.
Morei os últimos seis meses em Santa Catarina, e todo santo
dia o Rio era notícia, todo dia de manhã a tevê do salão do hotel estava ligada no Bom
Dia Rio, e não era deferência a minha presença no hotel, era porque as pessoas
se interessavam com o que acontecia aqui, isso vale pro resto do país, a nossa
cidade, queiram ou não é referencia, polo de atração, podem chamar de balneário
decadente, o que for, bairrismo à parte, é pra cá que essa porcaria que chamamos
de imprensa, aponta, é aqui que as coisas acontecem, então caramba, porque essa
perseguição, porque ficarem com os eternos preconceitos de carioca não gosta de
automobilismo porque tem praia, gente isso é de um provincianismo tacanho, há
muito tempo que carioca opta por outros meios de diversão que não são a praia,
quem vai a praia final e semana é povão, que não tem dinheiro pra shopping nem
subir a serra ou passear fora da cidade, se colocar um autódromo, com eventos
bacanas e um preço bom, enche, sempre encheu, e sempre vai encher, a história
mostra isso.
Não adianta os paulistas ficarem chamando Interlagos e
"templo" enquanto ficam desdenhando dos cariocas, não adianta o
pessoal do sul com seu vigoroso automobilismo de velocidade na terra e os seus autódromos
ficarem enfurnados lá nos seus estados, não adianta o centro oeste com pistas
como Goiania e Brasília (esta última sobrevivendo sabe-se lá Deus como) ficarem
praticamente esquecidas do resto do país, enquanto não tivermos uma pista no
Rio de Janeiro, tivermos eventos automobilisticos na cidade do Rio de Janeiro,
o automobilismo brasileiro como um todo não terá visibilidade, nem midiática,
nem econômica,e muito menos, será prioridade na mesa de qualquer governante
desse país.
Somos herdeiros de uma história muito bonita, tanto dentro
como fora de nossas fronteiras, está se jogando no lixo o esforço de milhares
de pessoas que durante décadas praticaram o esporte a motor como trabalho,
lazer, com ou sem lucro, mas que reúne em torno dele uma massa de aficcionados
com bom poder aquisitivo, e que está sendo deixada de lado.
Aguentamos quatro anos sem autódromo, quantos mais até essa
gente imbecil com idéias do século passado começar a raciocinar e construir uma
pista e trazer os eventos internacionais de volta à nossa cidade, até quando?
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